Um ano seria suficiente para desmantelar o arsenal químico militar da Síria, como prevê o acordo russo-americano concluído neste sábado em Genebra? Especialistas consultados pela AFP se mostram céticos.
“A destruição do arsenal químico até novembro de 2014, tendo em vista a guerra civil, me parece difícil”, avalia Olivier Lepick, especialista da Fundação para a Pesquisa Estratégica, sediado em Paris.


“Isso me parece muito fantasioso. Numa situação de paz, levaria muitos anos. A Síria não tem estrutura alguma para destruir suas armas químicas. É preciso construir uma usina, que custará, sem dúvidas, centenas de milhões de dólares”, explica Lepick.
O especialista lembra que nem mesmo os Estados Unidos e a Rússia conseguiram destruir seus próprios estoques (de 30.000 e 40.000 toneladas, respectivamente), apesar de terem investido bilhões de dólares desde a segunda metade dos anos 1990 para entrarem em conformidade com a Convenção de 1993.
Os Estados Unidos e a Rússia estimam que o estoque sírio seja de 1.000 toneladas. Damasco tem uma semana para entregar a lista de suas armas.
Os inspetores devem ir à Síria, em novembro, verificar o processo de desmantelamento, segundo prevê o acordo proposto por John Kerry e Sergei Lavrov, concluído neste sábado.
Os inspetores são representantes da Organização para Proibição de Armas Químicas (OIAC), que prepara “um mapa” para as missões na Síria, segundo comunicado divulgado pela organização com sede em Haia.
Líderes do acordo de Genebra, os Estados Unidos e a Rússia não podem mais controlar os prazos estabelecidos, afirma o especialista em armas químicas Jean-Pascal Zanders.
Segundo ele, as decisões serão tomadas pela OIAC, cujo conselho executivo deve se reunir na semana que vem em Haia.