Apontado como o de maior valor do mundo, acordo de leniência da J&F é alvo de críticas de especialistas
Ao longo dos próximos 25 anos, o conglomerado terá de desembolsar multa de R$ 10,3 bilhões, o que representa apenas 5,62% do faturamento da empresa em 2016 Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) firmar um acordo de delação premiada com os sócios do J&F criticado pelo suposto excesso de benevolência concedido aos empresários, o Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal fechou um acordo de leniência bilionário com a controladora dos negócios dos irmãos Batista. Ao longo dos próximos 25 anos, o conglomerado terá de desembolsar multa de R$ 10,3 bilhões. Segundo MPF, trata-se do valor mais alto já acertado para esse tipo de colaboração no mundo. Especialistas, entretanto, consideram a quantia irrisória, uma vez que representa somente 5,62% do faturamento do J&F em 2016. O montante a ser pago por ano equivale a um dia da receita do grupo. — Esse valor não me seduz porque tem de ser analisado o tamanho do prejuízo para a administração pública. Em valores nominais, pode até ser o mais alto, mas a avaliação tem de ser qualitativa, colocando na balança o que houve de prejuízo e o que o grupo causou de dano para o país — observa Fabrício Medeiros, professor do Centro Universitário de Brasília e sócio do escritório Andrade Maia. Após seis tentativas de acerto, iniciadas em fevereiro, o valor foi definido na noite de terça-feira. Agora, autoridades e advogados discutem as cláusulas do acordo, que deve ser assinado em breve. Inicialmente, o MPF previa multa de R$ 33,6 bilhões, mas a lei indica descontos de até dois terços. A primeira proposta da J&F era de R$ 1,4 bilhão.