A ainda bem informada coluna “Painel”, da Folha de São Paulo de hoje (15), agora assinada pela jornalista Vera Magalhães, teve como primeira nota a seguinte:
“Geopolítica da aliança
“Em almoço ontem após a homenagem a João Goulart, Dilma Rousseff, Lula e Rui Falcão se debruçaram sobre os entraves à aliança com o PMDB em 2014: justamente os Estados dos principais caciques peemedebistas. O apoio do PT só está assegurado ao filho de Jader Barbalho, Helder, para o governo do Pará, e ao candidato da família Sarney no Maranhão. Há preocupação quanto ao impasse no Ceará e em Alagoas. No Rio, os dois partidos estão conformados em marchar separados…”
Postei aqui algumas matérias sobre um possível desentendimento entre Sarney, Dilma e Lula sobre a posição do PT nacional, em relação ao PT e PMDB maranhenses nas mãos do Grupo Sarney. Mas nunca acreditei – e expressei – que isso vá acontecer, em 2014, como bem mostra a nota acima.
Antes inimigo político do senador e ex-presidente da República, Lula é cacique e já foi socorrido pela liderança de Sarney no plano federal, especialmente quando o burburinho político nacional clamava pelo seu impeachment. Em situações de risco, como o escândalo do Mensalão, Sarney sempre cuidou para tirar o neo aliado do caldeirão.
O cacique José Sarney também já foi socorrido por Lula, quando o Brasil inteiro pedia a cabeça do amapo-maranhense, por conta de um caminhão cheio de escândalos brotados com ele na presidência do Senado.
A ligação de Sarney, Lula e Dilma não se dá no plano de uma amizade construída ao longo do tempo. Todos sabem disso. Eles precisam um do outro para tirar vantagens políticas, sobreviver politicamente, usando , nos bastidores da República, manobras que até Deus duvida para permanecer no topo.
Não seria agora que essa “aliança da sobrevivência” se romperia por causa do Maranhão que, para o trio, é apenas um ponto no mapa do Brasil.
O certo é que, mesmo com o resultado do PED do PT fraudado ou não, a cabeça do Partido dos Trabalhadores no Maranhão – que é a sua Executiva –, pela tese da “geopolítica da aliança”, jamais deixará de formar ao lado dos interesses dos Sarney, no Maranhão. Que, por sua vez, são os interesse de Lula e Dilma. E ponto.
Quem, em 2014, estiver esperando um milagre diverso desse fato para tomar decisões só vai perder tempo. Bom seria que valorizasse melhor a “prata da casa”, comesse mais feijão-com-arroz , e lançasse mão do que de fato dispõe para enfrentar a tormenta das eleições.
E esperar que o povo maranhense compreenda, finalmente, que, desde 1965, está vendido e mal pago, e precisa se valorizar.
