
Em seu último discurso na tribuna do Senado, o senador e ex-presidente José Sarney disse ontem ter se arrependido de ter voltado ao Congresso depois de ter ocupado a Presidência da República. “Eu me arrependo, acho que foi um erro que eu cometi ter voltado, depois de presidente, à vida pública”, afirmou, para um plenário praticamente vazio.
Sarney afirmou que seria preciso proibir os ex-presidentes de ocuparem cargos públicos. Para ele, quem já foi presidente deveria se dedicar a trabalhar pelo bem do país, independentemente das preferências partidárias. Após a morte de Tancredo Neves, Sarney ocupou a Presidência entre 1985 e 1990, no período da transição democrática.
Antigo líder da UDN, partido que deu sustentação ao regime militar,o senador chamou o golpe de 1964 de “revolução” em um momento de sua fala.
Depois do terceiro mandato consecutivo no Senado, decidiu não disputar a eleição deste ano. Em junho, surpreendeu o mundo político ao anunciar que iria deixar a vida pública.
Durante o seu discurso, fez duras críticas ao atual modelo político e propôs que seja colocada em prática a reforma política.
Ele afirmou também que decidiu reapresentar um projeto que regulamenta o funcionamento das estatais como o seu “último legado”.
Sarney fez questão de ressaltar que era o parlamentar mais longevo do país, tendo sido eleito para o primeiro mandato como deputado em 1955.