
Poderia fazer aqui mais que um elogio ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pela atitude de proibir, em seu estado, a participação de pessoas mascaradas nas manifestações populares que se alastraram pelo país. São elas que, na maioria dos estados onde houve movimentos de ruas, protestando contra mazelas públicas ou reivindicando direitos, foram responsabilizadas pelos atos de vandalismo e depredação do patrimônio público e particular, exibidos em tempo real pela mídia eletrônica.
Eduardo Campos não criou nada. Ao contrário, copiou o Artigo 5 da Constituição Federal que diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…” e o seu Parágrafo IV – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.
Das discussões que se seguiram à atitude do governador, pouco se aproveitou, embora tenham surgido figuras carimbadas da política e do judiciário brasileiros com comentários os mais estapafúrdios possíveis.
A revista Veja, em sua última edição, publicou a reportagem “O bloco do quebra-quebra, mostrando quem são e como agem os membros do grupo de ativistas de rua que está infernizando a polícia e o governo dos principais estados brasileiros, notadamente as capitais de Rio e São Paulo – os “black blocs”. Foi só a revista chegar às bancas, lá estavam eles na porta da sede da publicação, em São Paulo, para botar prá quebrar. Mais uma confusão para a polícia acalmar.
Segundo a revista, os black blocs é um bando de inspiração anarquista, defensor da “destruição consciente da propriedade privada” e autodenominado inimigo do capitalismo. Mas também se insurgem contra o que chama de “propriedade do governo”, razão por que quebram de orelhões a banheiros públicos. Hoje, os militantes não chegam a 200, segundo a revista. É um grupo pequeno, mas que, engrossado por vândalos de ocasião, em algumas capitais tem transformado a baderna e a violência em uma assustadora rotina, onde a imprensa livre também é alvo.
Identificados, os black blocs poderiam ser perfeitamente contidos, se não fosse o medo excessivo que os governantes têm de “arranhar” a sua imagem diante da mídia e dos eleitores. Na verdade, quem põe esse poder abaixo não são os anarquistas quando vão fazer quebra-quebra nas ruas às centenas: são os democratas, quando desfilam, aos milhares.
Por fim, afirmo que se valer da nossa carta magna, neste país de hoje, já é um grande feito. Porreta, então, a atitude de Eduardo Campos. Visse?