Ele sobreviveu ao abandono. Filho adotivo, cresceu, estudou e, com a boa orientação dos pais, preparava-se para enfrentar o mundo adulto. Disseram-lhe que a religião cristã, a fé em Deus e a solidariedade humana eram ingredientes essenciais para a sua formação moral. E ele mergulhou de cabeça nos fundamentos de Cristo para, assim, e apesar de uma vida modesta, viver feliz. Seu nome, Rondinely Ferreira da Costa, que acabava de completar 18 anos. Foi a vida dele que outro adolescente, de 16 anos, claro que sem os mesmo atributos, deu fim, ontem (04), com um tiro na cabeça, dentro de um ônibus coletivo, no bairro da Cohab. Toda uma vida trocada por um simples aparelho celular que o rapaz, institivamente, recusou-se a entregar para o jovem bandido.
Nós, que moramos em São Luís, passamos a conviver muito, nos últimos anos, com fatos como esse que, esperamos, não se agravem. Mas é revoltante presenciar essa repetição fatídica de assaltos a coletivos, sem que a nossa polícia ponha termos nessas ocorrências. Como no livro de Gabriel Garcia Marques, “Crônica de uma morte anunciada”, os assaltos se sucedem com uma incrível facilidade. A polícia até já conhece a maioria dos autores, sabe onde fica a maior parte dos locais que acontecem os assaltos, mas, mesmo assim, eles acontecem. Um trecho da Avenida Daniel de La Touche, que vai da ponte do Caratatiua ao bairro Maranhão Novo, passando pelo Ipase, já é conhecido como “rota do pânico”. E já faz tempo. Bote tempo nisso…
Não vamos, aqui, dar lições à polícia de como lidar e resolver isso. Não vamos ensinar ao secretário de Segurança Pública, Jeffferson Portela, como orientar seus comandados para solucionar o caso. Ao novo governador do Maranhão, Flávio Dino, fazemos apenas um alerta: já há tempo suficiente para se levantar da mesa de mando dos Leões e dar um belo murro de indignação com a série

“Assaltos e mortes cotidianos nos coletivos de São Luís” .
Hoje, o são-luisense tem medo de entrar num coletivo e não mais chegar à parada final. É um circo ambulante de horrores onde continuamos a perder para o crime os nossos pais, filhos e irmãos. Portanto, está mais que na hora de um basta.